Armas e equipamentos ilegais de acordo com a ONU
Por Sérgio Carrera de Albuquerque Melo Neto
Com
a expectativa da publicação nas próximas semanas das “Diretrizes das Nações
Unidas sobre o Uso de Armas Menos-letais na Atividade Policial”, do Alto
Comissariado de Direitos Humanos da ONU, e em continuidade no compartilhamento
de informações já disponibilizadas, o seu capítulo 5 trata de “Armas e equipamentos ilegais”. O uso das armas
e equipamentos ora apresentados passam a ser considerados como exemplos
de armamentos violadores da lei internacional dos direitos humanos.
Tratam-se apenas de alguns exemplos mais exponentes, entratanto, a lista não é
exaustiva.
De forma objetiva, como pode existir divergências nas
traduções e nos equipamentos usados no Brasil, deixarei os nome no idioma
original previsto na norma.
Armas ilegais
O uso das seguintes armas é considerado uma violação do
direito internacional dos direitos humanos, e não devem ser usadas na
aplicação da lei:
1.
Sparked batons: Tipo
de bastão de choque usado por algumas polícias no mundo. Também existe a
versão "light", que é de borracha. Referem-se a um instrumento
medieval.
2.
Lasers designed to permanently blind: São
as famosas canetinhas (vermelha ou verde) laser usadas contra forças policiais em
manifestações. Exemplo mais recente, foram as diversas ocorridas desde outubro
de 2019 no Chile, as quais causaram cegueira permanente em alguns agentes.
3.
Directed energy weapons of a nature
to cause serious injury: Todas
aquelas de energia direcionada, como espingardas (cal.12) ou carabinas (FN300)
já sendo retirada da maioria das instituições policiais no mundo por sua
natureza de risco permanente de incapacidade ou morte. Segundo Bassalo, o uso
de elastômetro (ou bean-bag) foram proibidas em espingardas (cal.12) e
FN300 pelo DPO, devido a uma ocorrência com várias vítimas na missão de paz no
Kosovo (UNMIK). Bassalo fez parte do Grupo de Trabalho da ONU para as mudanças
das munições e armamentos, lançador de munição não-letal (de 30 ou 40 mm), com
o soft-projetil. Inclusive, o caminhão d’água pode se incluir nesse termo.
Equipamentos
de uso ilegal
Os equipamentos a seguir são
inerentemente degradantes ou desnecessariamente dolorosos, e não deve ser usados
na aplicação da lei:
1.
Metal chains (shackles): São
algemas mais largas de mão, de pulso ou tornozelo, geralmente utilizada em
prisões para transporte dos presos.
2.
Irons (leg or wrist): Emprego
de ferros para uso em pernas e pulsos.
3.
Thumb-screws and
thumb-cuffs: Algemas de dedos (usado
na idade média como instrumentos de tortura).
4.
Spiked or electrified
instruments of restraint: Instrumentos
pontiagudos ou eletrificados de contenção. Apesar da tradução à língua
portuguesa levar inicialmente a correlacionar a “tasers”, não é o caso,
conforme consulta realizada aos responsáveis pela finalização do documento.
Referem-se a instrumentos degradantes
em locais de detenção e prisão, como, por exemplo, cintos de choque, como os
usados em algumas cárecers na África do Sul.
5.
Weighted instruments of
restraint: Bola de aço usadas em
estabelecimentos prisionais. O peso, usado com correntes, restringe movimentos
de detentos, e são comuns nos Estados Unidos.
Os estados-membros da ONU devem se certificar que as instituições
encarregadas pela aplicação da lei, em particular os órgãos policiais, não possuam
as armas e equipamentos mencionados. Ademais, devem proibir o uso por qualquer
de seus agentes, visto ser considerado uma violação de direitos humanos e de
uso ilegal perante a comunidade e sistema internacional.
Referências:
United Nations Human Rights Guidance on LessLethal
Weapons in Law Enforcement. Office of the High Commissioner for Human Rights –
OHCHR. Cap. 5. Geneva, august 2019. To be published.
Entrevista cedida por
Fabrício Bassalo, Tenente-Coronel da Polícia Militar do Pará e veterano da
Missão de Estabilização das nações Unidas no Haiti (MINUSTAH), onde atuou na
Unidade de Controle de Distúrbios Civis do componente policial da missão (United
Nations Police – UNPOL)
A ONU se baseia em missão de paz onde quem atua não possui doutrina e nem treinamento adequado.
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